VOCÊ DEIXOU ISSO ACONTECER, MIKE.

O Clarão Que Não Era Luz

Stanton viera buscar respostas — ou talvez apenas confirmar o que já temia — sob um céu noturno opressor, onde estrelas pareciam feridas abertas. A terra ressecada sob seus pés engolia o vento. Ou algo mais. Algo que respirava baixo, rastejando invisível, atento à sua presença solitária.

Na borda de uma plataforma esquecida, de concreto rachado, as botas firmes sustentavam Stanton. O vento sibilou, frio, enquanto ele esfregava o anel de Sara — um tique traiçoeiro, uma âncora num mar de irrealidade. Seu olhar roçou o metal frio do OmniBrace inativo no outro pulso, outro lembrete constante.

A Presença que Rasga o Ar

O ar seco arranhava sua garganta. Ecos impossíveis roçavam sua audição, como segredos antigos sussurrados pela poeira. Nada explicava como ele chegara ali, apenas que fora puxado. Sombras vibravam, sugerindo estruturas impossíveis, lembranças projetadas no ar.

Então, o OmniBrace brilhou vermelho: ANOMALIA. A palavra cortou o ar como um grito. Algo ali o reconhecia. Uma figura surgiu ao seu lado — sombra densa, uniforme manchado, olhos vazios. "Está ativo", murmurou.

O Nome Que o Abismo Sussurrou

O espaço se torceu. Glifos verdes costuraram o ar. O técnico se desfez em silêncio. Um clarão verde rasgou a terra — fome, não luz. A realidade cedeu. O bunker do NeX-111 brotou da terra. Não emergia — aguardava. Como se chamasse pelo nome certo.

"Você deixou isso acontecer, Mike". A culpa falava. O rosto no concreto — quase seu, mas com olhos mortos. O terminal vibrava. Um dedo esquelético tocou o vidro. O abismo o acolheu. Ele já sabia. E aquilo também.